Depois de uma primeira exibição dos seus trabalhos em vídeo na Cinemateca em 2014, nesta terça-feira, 21 de Junho, terá lugar uma nova sessão que complementa essa sua apresentação em projecção há dois anos. O programa, resultado da escolha do autor, compõe-se de oito títulos realizados entre 2003 e 2015, que abordam os temas do pós-colonialismo, do poder ou das questões de género e identidade.
Em exibição estarão: «La Schiava (A Escrava)», «Hipólito», «O Jardim», «About Being Different», «Hereditas», «Ínsula», «Telos» e «Vulcano». A sessão decorre com a presença de Vasco Araújo e Ana Isabel Strindberg na Cinemateca, a partir das 18h30. (WW)
Claire Bishop apresentará no dia 21 de Junho (Terça), às 19h30, no Auditório do Goethe-Institut em Lisboa, a conferência sobre performance no museu «White Cube, Black Box: Fifty Shades
Claire Bishop apresentará no dia 21 de Junho (Terça), às 19h30, no Auditório do Goethe-Institut em Lisboa, a conferência sobre performance no museu «White Cube, Black Box: Fifty Shades of Grey».
Estes são alguns dos aspectos sobre os quais Claire Bishop irá reflectir: «A encenação da performance no museu tem vindo recentemente a ser alvo de crítica por uma série de historiadores de arte e críticos que argumentam que é uma moda passageira e um gesto de marketing cínico. Os teóricos de performance, por outro lado, tendem a analisar o desempenho no museu em termos de teorias pós-fordistas de trabalho. Ambas as abordagens criam um vínculo redutor entre a performance contemporânea e a economia neoliberal. O presente ensaio procura desviar a discussão para longe das questões de espectáculo, de marketing e de trabalho, e antes posicionar a performance de forma mais dialéctica em relação à experiência contemporânea. O argumento-chave é uma discussão da performance ao vivo no museu e sua relação com a tecnologia portátil omnipresente, especialmente o seu impacto sobre a temporalidade, a atenção e a esfera pública.»
Claire Bishop é professora do programa de doutoramento em História da Arte do Graduate Center da City University of New York. Entre os livros que publicou destacam-se «Installation Art: A Critical History» (2005) e «Artificial Hells: Participatory Art and the Politics of Spectatorship» (2012), pelo qual ganhou o prémio Frank Jewett Mather de 2013, bem como«Radical Museology, or, What’s Contemporary in Museums of Contemporary Art?» (2013). Escreve regularmente para a revista «Artforum», tendo os seus livros e ensaios sido traduzidos para dezoito línguas. Actualmente investiga o impacto da tecnologia digital na arte contemporânea e na performance desde 1989.
Um dos mais interessantes fotógrafos pictorialistas da actualidade, o alemão Elger Esser foi o vencedor deste ano do Prémio Estadual Oskar Schlemmer, principal reconhecimento para as artes visuais do Estado de Bade-Vurtemberga. Para assinalar a atribuição, uma exposição antológica da obra de Esser encontra-se patente na Kunsthalle de Karlsruhe.
O artista, nascido em Estugarda em 1967, e baseado em Dusseldorf, onde foi discípulo de Bernd e Hilla Becher, tem mantido ao longo da carreira a mesma abordagem analógica à fotografia. Uma prática coerente com o género paisagístico que o caracteriza, e que a fase mais recente da sua obra vem aproximando da pintura. A fotogravura é um dos processos que Esser, que se considera um artesão, domina e executa pessoalmente no seu laboratório de Dusseldorf, distante da paisagem francesa que é o tema central da sua obra.
«As paisagens são como estados de espírito», disse ele uma vez. «Todos trazem consigo uma paisagem, que idealizam naturalmente». Na composição e na temática, muitas das paisagens de Esser inspiram-se nos postais da transição do século XIX para o XX, que o autor colecciona. Gustave Le Gray vem à memória, e essa afinidade intensifica-se pela própria incidência da obra de Esser no campo e natureza de uma França pictórica, perdida, que o artista vai catalogando.
A paisagem, contudo, é um chamamento mais diversificado e longínquo na sua obra. Os lugares que escolhe partilham o traço comum do recato e uma impressão de tempo suspenso, unidos a certa melancolia e a um esbatimento do cromatismo. Essas características ampliam-se nos vastos horizontes e no grande formato das fotografias de Elger Esser. Entre as imagens marítimas da série «Silent Waves» e a evocação proustiana de «Combray», a preto-e-branco, Esser concretiza uma visão do mundo com tanto de nostalgia romântica como de noção do apelo contemporâneo desta, mediado por uma cultura literária que lhe instila um acrescido poder de evocação. Até 10 de Julho em Karlsruhe. WW
A fotografia de Mario Giacomelli (1925-2000) continua a ser um dos grandes destaques do panorama expositivo de Roma neste mês de Maio. Antologia (inédita na capital italiana) da obra que o artista, «marchegiano» da vila costeira de Senigália, foi construindo ao longo de uma carreira de mais de meio século, a exposição «Mario Giacomelli. La figura nera aspetta il bianco» (A Figura Negra Espera o Branco) propõe uma revisitação pelas imagens a preto-e-branco, muito contrastadas, que Giacomelli fazia irregularmente, quase sempre equipado unicamente com uma câmara simplificada, cujo fabrico encomendara.
Giacomelli celebrizou-se com diversas séries representadas na exposição: dos primórdios, na costa adriática (1953), à fase definidora da segunda temporada de visitas ao hospício de Senigália, «Verrà la morte e avrà i tuoi occhi» (Virá a Morte e Terá os Teus Olhos, 1966-68), cujas fotografias entendia como provas de coragem, que às vezes tinha e outra vezes não; passando pelo sofrimento de «Lourdes» (1957) e a morte de «Il mattatoio» (O Matadouro, 1961), e prolongando-se nas séries regionais (Puglia, Calábria) e autobiográficas, como «La mia vita intera» (A Minha Vida Inteira, 1997-2000).
A busca interior de Giacomelli, que a projectava no mundo, é um percurso de despojamento essencial que não raro tendia à abstracção. O seu amor à paisagem natal de Marcas, a sua região, era também um entendimento poético com o meio, que ecoava na sua visualização da natureza e da poesia: criou imagens a partir de Emily Dickinson, Leopardi, Montale e Borges e, a partir dos anos 1970, poesia visual em «Poesia in cerca d'autore» (Poemas À Procura de Autor).
«Conto, não ilustro. Vejo as imagens do poeta, mas depois procuro emoções novas, como se me deixasse levar pela mão por caminhos que me parece ter sempre percorrido, mas que pelo contrário nunca percorri», declarou em 1987 a Frank Horvat.
A redescobrir no Museo di Roma, nas salas do Palácio Braschi, até dia 29. WW
A nova-iorquina Foley Gallery apresenta uma nova exposição de Martin Klimas, em mais uma série de visualizações sonoras. O artista alemão, formado em Dusseldorf, tem vindo a explorar a tradução visual do som, através de dispositivos onde a reacção às vibrações sonoras cria manifestações físicas captadas por câmaras de alta velocidade. Era o caso de «SONIC», de 2013, em que uma fina membrana aplicada sobre uma coluna da exposição, e embebida por tinta fluorescente, libertava um festival de padrões coloridos que variava grandemente com o repertório: Miles Davis ou Daft Punk, Bach ou Pink Floyd.
Klimas é um investigador da microduração visual, aquilo que os olhos não logram perceber porque decorre em fracções de segundo. O estilhaçar de uma peça de porcelana (na colectiva «Breaking Tradition», Montreal, 2013-14) ou de um vaso de flores (numa outra colectiva, «Lost Paradise», Goslar, 2012), assim como a catalogação de manipulações do tempo (na colectiva, «How Long is Now?», Viena, 2013) são continuações dessa investigação. No seu trabalho com as ondas sonoras, mais do que traduzir o invisível, Klimas encena-o, pela escolha e uso da cor.
Nesse sentido, a exposição na Foley, intitulada «Soundworks» (que integra trabalhos prévios, como o citado «SONIC»), é uma variação dos recursos visuais de que Klimas tira partido, substituindo a tinta pelo pigmento pulverizado e a música preexistente por «retalhos sonoros» imaginados pelos músicos convidados, e construídos em sintetizadores analógicos. As esculturas sonoras do autor vão assim fragmentando-se, também elas, em diferentes materiais.
O resultado é «Sound Explosions», emparceiramento de imagens dos pigmentos projectados, «explodindo» em formas abstractas, e de pormenores dos sintetizadores que os propiciaram. Natureza física e conceito tecnológico, numa dança colorida que ecoa os ritmos do universo. Até 22 de Maio. WW